De 28 de Agosto (esta quarta-feira) a 8 de Setembro acontece a Paralimpíada de Paris 2024. Com o lema "Jogos de Todos", o evento celebra a diversidade e o espírito esportivo, destacando a inclusão e a superação dos atletas paralímpicos.
Antes do início dos Jogos Paralímpicos em Paris, a nadadora brasileira concedeu uma entrevista exclusiva à Telecomasia.net, na qual ela falou sobre:
- como ela descobriu que havia sido convocada para a equipe nacional;
- sobre quem são seus maiores adversários;
- sobre como começou a nadar;
- sobre as expectativas dos jogos para a equipe nacional.
Com 274 paratletas em 20 modalidades (de 22 esportes no geral), o nosso País conta com a maior quantidade de brasileiros em competições internacionais na história. Dentre as convocadas, a nossa entrevistada de hoje: a nadadora paralímpica Esthefany Rodrigues, de 25 anos de idade, que vai para o seu segundo Jogos Paralímpicos após competir em Tóquio 2020.
Por falar nas Paralimpíadas do Japão, o Brasil terminou na sétima colocação (atrás apenas de China, Grã-Bretanha, Comitê Paralímpico Russo, EUA, Holanda e Ucrânia), conquistando incríveis 72 medalhas, sendo 22 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze – a melhor campanha da nossa história em Jogos Paralímpicos.
Principais conquistas de Esthefany Rodrigues
- Ouro nos 50m borboleta e 200m medley e prata nos 100m peito nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023;
- Ouro nos 200m medley, prata nos 50m borboleta e 100m peito e bronze nos 200m livre nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019;
- Ouro no revezamento 4x50m livre, prata nos 50m livre, 100m livre, 200m livre e 50m costas, bronze nos 100m peito nos Jogos Parapan-Americanos Toronto 2015.
Agora vamos conhecer a história da entrevistada de hoje, a nadadora Esthefany Rodrigues, que nasceu com displasia epifisária, o que causou o encurtamento dos seus braços, pernas e tronco. Com 98cm de altura, a paratleta brasileira contou como o esporte mudou a sua vida, relembrou de sua parceria com Daniel Dias (nadador com 27 medalhas paralímpicas) e revelou sua paixão por dirigir automóveis (o que surpreende muita gente na rua). Ela está pronta para bater mais recordes e fazer história em Paris 2024. Com vocês, Esthefany Rodrigues:
- Esthefany, primeiramente, muito obrigado por aceitar esta entrevista às vésperas dos Jogos. Você poderia, por gentileza, explicar aos fãs do Telecom Asia Sport a sua expectativa para Paris 2024, como foi a sua preparação e em quais modalidades você vai competir nas Paralimpíadas?
- Minhas expectativas estão boas, pois eu treinei muito para chegar até aqui. Quero dar meu máximo e trazer bons resultados. Vou competir na natação, na classe S5 , minhas principais adversárias são as japonesas e chinesas. Irei competir 200m livre, 100m livre, 100m peito, 50m borboleta e 200m medley.
- Conte um pouco de sua história (onde nasceu, como é conviver com displasia epifisária, sua infância e o que mudou com o início da natação).
- Eu nasci em São Paulo. Ter deficiência como a minha é um desafio todos os dias, para fazer as coisas dentro de casa, caminhar e treinar. Por isso tenho uma rotina intensa de exercícios e fisioterapia. Comecei a nadar aos 3 anos de idade por indicação médica para meu desenvolvimento. Fazia 1 ano, parava e voltava, pois minha mãe não tinha muitas condições. Aos 12 anos conheci a natação paralímpica, me apaixonei e me encontrei dentro do esporte que sou eternamente grata por ter mudado a minha vida.
- Como recebeu a notícia da convocação, como foi a preparação? Estrutura de trabalho e relação com a CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).
- O CPB fez uma live para divulgar os nomes dos convocados, quando saiu meu nome, a ficha não caiu, comecei a receber muitas mensagens, ligações e muito apoio da minha família, fiquei muito feliz por realizar o meu sonho. Bom, mas não foi fácil chegar até aqui. 1 mês antes da seletiva eu tive uma lesão no cotovelo esquerdo e isso mexeu comigo, pois faltava pouco e eu não podia ficar machucada, não podia ficar parada pra tratar e com muito trabalho da fisioterapia, meu técnico diminuiu um pouco da metragem de treino. Já me ajudou a competir e fazer uma boa seletiva. No CT Paralímpico (situado em São Paulo), eu tenho uma excelente estrutura, conto com todos os profissionais que mais precisamos, técnicos, fisioterapeutas, massoterapeuta, nutricionista, biomecânico, psicóloga e preparador físico.
- O que pode tirar de lição de Tóquio 2020 para conquistar medalhas em Paris 2024?
- Em Tóquio foi minha primeira Paralimpíada e eu estava nas nuvens, pois é o nosso auge chegar até uma. E eu estava muito bem preparada, nadei muito bem, me diverti. Agora em Paris espero que aconteça o mesmo, só que dessa vez vai ser minha primeira com a arquibancada lotada de torcida, confesso que estou ansiosa para ver como é.
- Sobre as suas principais conquistas, quais foram as mais marcantes? A sensação da primeira medalha nos Jogos Parapan-Americanos Toronto 2015, a consolidação em Lima 2019 até o Pan mais recente e também muito vitorioso para você em Santiago 2023.
- Todas as conquistas são marcantes, pois cada uma tem uma história, mas a mais marcante para mim foi no Mundial em 2015 onde participei do revezamento 4x50 livre misto com o Daniel Dias. Aos 16 anos, competindo em meu primeiro mundial, tendo uma grande responsabilidade, estava muito nervosa, mas meus companheiros me deixaram tranquila e fizemos uma boa prova, ganhamos e batemos o recorde mundial. Na hora não entendi nada, eu só queria sair da piscina logo para não desclassificar. Foi uma competição muito marcante. Meu primeiro Parapan também foi incrível, fui a maior medalhista feminina da natação com 6 medalhas. Em Lima bati meu primeiro recorde Pan-Americano e em 2023 bati 2 recordes, isso me deixa extremamente feliz. São anos de muita dedicação, abdicação, comprometimento, altos e baixos e muito trabalho duro.
- Você pode compartilhar alguma história curiosa – dentro e / ou fora do esporte?
- Eu amo dirigir e eu tenho 98cm e meu carro é bem grande, quando eu saio às pessoas ficam impressionadas e eu devo isso muito ao esporte também, pois através do esporte consegui ter minha autonomia e hoje vou para qualquer lugar sem precisar depender de ninguém.
- A previsão de medalhas para a equipe brasileira na sua opinião. Na última edição, em Tóquio 2020, o Brasil fez a sua melhor campanha com 72 medalhas no total. Vamos superar esse recorde em Paris 2024?
- Eu acredito que em Paris vamos bater o recorde de medalhas, a galera está muito bem preparada. Foi uma temporada muito intensa, e está indo só os melhores. Então vamos representar muito bem.
- Quais são seus hobbies fora da natação?
- O pouco tempo que tenho sem treinar, eu amo dirigir, amo estar com a minha família, assistir filmes, e se divertir com os amigos.
Ao fim da entrevista, Esthefany Rodrigues mandou o seu recado antes do início dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 - ela vai estrear nas Paralimpíadas nesta quinta-feira (29) nos 200 m livre S5 feminino – Classificatória:
Eu gosto muito da frase: ‘Nenhuma luta é em vão, pois temos uma vida tão intensa que as vezes nos vemos perdidos, parecendo que nada vai dar certo. Mas continue, trabalhe duro que uma hora a conquista vem.
É nesse espírito que vamos nadar de braçada rumo às Paralímpiadas da França e mandar aquela energia positiva para os superatletas brasileiros, que estão prontos para fazer história na Cidade Luz.
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